Conhecido pela sua obra plástica, que se caracteriza essencialmente pela expressão de uma preocupação crítica face a determinados aspetos ou situações do mundo atual, Carlos No regressou na passada quinta-feira a Caldas da Rainha para inaugurar mais uma exposição individual, composta por uma escultura-instalação concebida especialmente para a sala de exposições temporárias do museu.
Segundo o artista, “o que aconteceu aqui também aconteceu quando em 2005 expus no Centro de Artes, em que elaborei uma peça exclusivamente para o espaço”.
Nesse sentido, a “Impasse”, que é composta por um monobloco feito com chapas metálicas que atravessa diagonalmente a sala, procura recriar os tapumes ou as barreiras de metal, que são utilizados muitas vezes na construção civil, onde não é possível ver o interior. Além disso, numa das extremidades da peça, Carlos No optou por colocar um colchão, que “nos remete para a ideia de casa ou habitação”.
Esta “antítese”, que serviu de mote para a elaboração da peça, pretende evidenciar a miséria, que se tornou parte integrante de um tecido social urbano das sociedades contemporâneas, como a habitação precária associada às condições de pobreza, bem como alertar para “a nova escravatura laboral, que todos os dias chega a mim de forma mediatizada”. Igualmente alude às más condições de trabalho e de alojamento de milhões de trabalhadores em todo o mundo, sujeitos a desumanas e precárias condições laborais e habitacionais.
Carlos No sublinhou querer que esta escultura-instalação “tenha força estética e que valha por si própria”. Ao mesmo pretende que a peça suscite a cada uma das pessoas uma reflexão individual.
Presente na inauguração esteve a vereadora da cultura, Maria da Conceição Pereira, que sublinhou que a obra “reflete uma das problemáticas da sociedade atual, e cabe também à cultura chamar a atenção para isso”. Já o diretor do Museu Malhoa, Carlos Coutinho, referiu que “a peça tem como intenção obrigar as pessoas a refletir sobre as questões sociais e as discrepâncias a que assistimos quotidianamente”.
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