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História de fuzilamentos nas Caldas no séc. XIX contada em livro

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A 27 de janeiro de 1808 estalou, nas Caldas da Rainha, uma forte rixa entre militares franceses, que demandavam o Hospital Real – procurando cura para males de pele – a população local e elementos do 2º. Regimento do Porto, que aqui se encontravam, acidentalmente aboletados, os quais tomaram partido pelos populares. Feitas as inquirições […]
História de fuzilamentos nas Caldas no séc. XIX contada em livro

A 27 de janeiro de 1808 estalou, nas Caldas da Rainha, uma forte rixa entre militares franceses, que demandavam o Hospital Real – procurando cura para males de pele – a população local e elementos do 2º. Regimento do Porto, que aqui se encontravam, acidentalmente aboletados, os quais tomaram partido pelos populares. Feitas as inquirições e o consequente julgamento, foram condenadas à morte treze pessoas, de que resultou terem sido fuziladas nove, porque as restantes conseguiram fugir. Essas nove enfrentaram o pelotão de fuzilamento, na manhã do dia 9 de fevereiro de 1808, na cerca do borlão, hoje Praça 25 de Abril. Com o objetivo de divulgar esse registo, na certeza que contribuirá para um mais aprofundado conhecimento dos incidentes, a Câmara das Caldas aderiu à iniciativa do Exército Português, de comemorar o bicentenário da Guerra Peninsular, implantando, junto aos Paços do Concelho, um Memorial aos que morreram, naquela data – 6 militares do Porto e 3 civis caldenses -, da autoria do arquiteto Pereira da Silva. No âmbito destas comemorações decorreu na passada quinta-feira uma cerimónia de homenagem, junto ao “Memorial”. A autarquia apoiou ainda a edição de um livro alusivo aos “Fuzilamentos das Caldas da Rainha”. À noite, no pequeno auditório do Centro Cultural e Congressos, decorreu a cerimónia de apresentação do livro “Os Fuzilamentos de 9 de fevereiro de 1808 – Memória de Manoel de Sá Mattos”, de Mário Tavares. Perante um auditório cheio, nomeadamente de alunos da Escola de Sargentos do Exército (ESE), o presidente da Câmara, Fernando Costa, disse que “o Município caldense teve a honra de fazer publicar, como última realização deste ciclo comemorativo, um interessante trabalho histórico elaborado, no qual pela primeira vez e de forma clara, se pode aceder diretamente ao relato integral e circunstanciado dos factos, inteiramente vividos por uma testemunha presencial dos mesmos, através da publicação da memória de Manoel Sá-Mattos, um afrancesado cirurgião-mor, com a patente de tenente do referido 2º Regimento do Porto, estacionado acidentalmente nesta vila, já ao tempo designado por Regimento de Infantaria n.º 18, que se achou no centro do conflito, ao lado do povo e que nas Caldas viria por isso, a encontrar o seu próprio fim”. O professor Rui Correia fez a apresentação o livro, considerando-o “um testemunho ressuscitado e que nada serve se ninguém o abrir”. “Este livro é um ato de resgate, e este testemunho de Manoel de Sá Mattos merece ser lido”, adiantou, acrescentando que “o livro é um exercício de desconforto e talvez seja esse o fator que mais alcançou a curiosidade de Mário Tavares”. “Estamos em 1808, Portugal foi traumaticamente invadido, a corte ausentara-se para o Brasil, no entanto este furor militar que se abatia sobre Portugal representava para muitos uma oportunidade civilizacional. Com esta invasão, chegam a Portugal os princípios do liberalismo”, contou Rui Correia, adiantando que “fala-nos de um português que tomou partido pelas forças que invadiram o seu país”. “O seu depoimento e cada página leva-nos a conhecer porque tomou esse partido”, disse o professor, voltando a falar do desconforto que a obra traz “o de sabermos que o dilema impossível que se colocou Manoel de Sá Mattos em 1808 pode muito bem ser o nosso a cada dia que passa”. O historiador caldense Mário Tavares encontrou um documento, já há cem anos publicado (embora de forma pouco cuidada) na revista portuense, o Tripeiro, da autoria de Manoel de Sá Mattos, que relata, para lá das memórias de Infantaria nº. 18, os “tremendos” dias vividos nas Caldas: os fuzilamentos e a dissolução do seu Regimento, no dia 10. Segundo Mário Tavares, “Manoel de Sá Mattos era, porém, um afrancesado (apoiante da causa de Napoleão Bonaparte), o que não retira ao documento o enorme interesse histórico que contém”. É desse interessantíssimo texto que o historiador ocupou, transcrevendo-o (ou reescrevendo-o), seguindo, depois, o percurso de vida do seu autor, tentando compreender o seu tempo – as hesitações dos homens e as transformações que se deram em Portugal com a chegada das tropas napoleónicas – concluindo pela implicação que o motim das Caldas poderá ter tido na Revolta do Porto, do 18 de junho seguinte. Com este livro Mário Tavares propôs-se a divulgar este vivo registo na certeza que contribuirá para a história do “nosso exército, num tempo em que poucos tinham tempo ou disponibilidade intelectual para passar ao papel as suas vivências, pois que a grande preocupação era sobreviver”. No livro o historiador procura aprofundar a investigação “necessária e possível” que fez. O livro tem o custo de dez euros. O valor angariado pelas receitas da venda do livro reverterá a favor da Liga de Amigos do Museu de Cerâmica. Marlene Sousa

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