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Famílias pobres à espera de um pouco de comida para sobreviverem

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Formam fila nas traseiras da Igreja de Nossa Senhora da Conceição para receber uma ajuda todos os meses e assim conseguir sobreviver. Nas Caldas da Rainha são cerca de 302 pessoas que precisam desta ajuda da Conferência Vicentina da Sagrada Família, onde várias mulheres voluntárias fazem o melhor na distribuição de bens essenciais e que […]
Famílias pobres à espera de um pouco de comida para sobreviverem

Formam fila nas traseiras da Igreja de Nossa Senhora da Conceição para receber uma ajuda todos os meses e assim conseguir sobreviver. Nas Caldas da Rainha são cerca de 302 pessoas que precisam desta ajuda da Conferência Vicentina da Sagrada Família, onde várias mulheres voluntárias fazem o melhor na distribuição de bens essenciais e que são para muitos a única forma de terem alguma coisa de comer ao longo do mês. Quem dirige este espaço queixa-se de falta de bens essenciais para dar às 114 famílias que todos os meses, e por vezes semanalmente, recorrem ao espaço situado na cave e recebem uma ajuda preciosa. Para Rosa Maria, uma das voluntarias desta Conferência, muitas vezes há dificuldade em dar uma lata de salsichas ou de atum a todos e por vezes verifica a ansiedade de muitos ao recorrerem ao espaço para terem de comer. “Há 97 crianças que precisam desta ajuda. Aquilo que o Banco Alimentar nos dá todos os meses não chega para esta gente toda e faltam-nos sempre coisas. Já tivemos ajuda da Câmara e quando isso acontece o espaço fica mais composto e conseguimos dar resposta a muita gente, mas agora há crise até nos alimentos”, confessa a voluntária. Rosa Maria, de papéis na mão a verificar o nome e os alimentos que são dados a cada família, vai conversando com todos na tentativa de perceber as necessidades. “Temos pessoas que nos dão donativos mensais, mas também aqui temos crise. Mas é graças a esse dinheiro que compramos muitas coisas para estas pessoas, que não têm outra forma de se alimentar”, indica. Um dos casos mais preocupantes é de António Pereira, que vive com mais sete pessoas em casa, três das quais menores de idade. “A reforma é pequena, tenho de pagar renda de casa e medicamentos porque sou cardíaco e sofro dos rins, além de estar à espera do resultado das análises para saber se tenho cancro”, apresenta-se este morador no Bairro das Morenas. “Estou a criar dois netos porque a mãe deles morreu. Tenho outros dois que estão desempregados e vir aqui ajuda porque caso contrário passávamos fome”, afirma António Pereira.  “Perco uma manhã inteira na fila, estou ansioso porque se não for desta forma não se leva nada de jeito, porque não há. Uma garrafa de azeite ou de óleo das mais baratas ou até um peixe nem sempre se pode comprar. Muitas vezes em casa as refeições são muito pobres, porque as coisas estão muito caras. Tenho de dividir o dinheiro que recebo para pagar renda, luz, água, vestir e calçar e é complicado. Um dos meus netos largou a escola de dia para estudar à noite e ajudar nas despesas, mas até agora não conseguiu emprego e só tem um part-time de algumas horas. Os outros são menores e estão a estudar e tenho mais uma despesa muito grande este mês e durante todo o ano com as refeições na escola e o material”, descreve. Também Fernanda Isabel, com 43 anos, sustenta que “estar à espera é o único remédio” para garantir algumas peças. “Tenho uma filha que estuda no quinto ano, o meu marido é pedreiro e umas vezes tem trabalho, outras vezes não, e eu não trabalho, depois de ter estado nas limpezas. E não temos rendimento mínimo”, frisa. Reformada por invalidez, Maria Amélia explica que a ajuda das vicentinas “é preciosa”, tal como Maria José Gomes, que é “viúva” e tem “um filho doente”. “Ajuda muito vir aqui. A reforma é pequena os remédios são caros e se não vier buscar arroz, massa, leite, feijão, grão e outras coisitas a gente passava mal”, garante Letícia Branco “O dinheiro que poupamos ao virmos aqui, dá para fazermos uma gestão dos 300 euros de reforma que tenho e que tem de chegar para pagar os medicamentos, a luz, água e outras despesas da casa”, sublinha. Opinião diferente tem Maria de Lurdes, que gostava de ter ajuda mais assídua, do que uma vez por mês. “Isto que a gente leva é pouco. Somos dois lá em casa mas só em remédios o dinheiro não chega. A comida que levamos daqui é quase a única que comemos”, disse Maria de Lurdes. “Temos de vir para aqui marcar lugar para recebermos alguma coisa. Se não fizermos isto não recebemos”, explica Esmeralda Marques. “Esta comida que levo daqui faz-me um rico jeito. Sou reformada por invalidez e o arroz, massa, leite, açúcar e outras coisas são preciosas. Elas dão o que podem porque vem aqui muita gente”, acrescenta a mesma senhora, que é também conhecida na cidade por “Tininha”. “Aquilo que levo daqui poupo”, diz Luísa Mota, ex-trabalhadora na agricultura.        Carlos Barroso

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